quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Namorado.




Tem coisa melhor?
Creio que esta seja uma das grandes satisfações da vida. Tudo ganha cores, aromas...
Creio também que é possível ser feliz sozinho, mas é uma felicidade com um espaço em branco...


" Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente
treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas: de carinho escondido na hora em que passa o filme: de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d’agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uam névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira: Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enloucresça. "


(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Contra o clichê.

color splash Pictures, Images and Photos

"Se não foi,não era pra ser".

Ok. Se não foi, é porque alguém impediu ou não quis que fosse, certo?
Fácil jogar toda a responsabilidade para o destino..mas quem é que faz o nosso destino, se não nós mesmo?

Tudo na vida se resume a fazer escolhas, absolutamente, tudo.E para escolher uma opção, é preciso abrir mão de outra.

O resultado? Só mesmo o tempo para mostrar. Bom seria se o tempo mostrasse também como teria sido se nossas escolhas tivessem sido outras.
Confesso que essa é uma das dúvidas que perduram em minha vida. "Como teria sido se eu tivesse feito tal escolha?" "Como teria sido se eu tivesse ficado onde estava?"

Queria poder ter o direito de ver esse "filminho". Mas seria assustador ver que talvez eu tenha feito alguma escolha errada ou precipitada.
Minha vida sempre foi feita de extremos. Nunca houve saída muito fácil, caminho iluminado ou meio termo. Sempre que fiz um escolha, abri mão de algo muito valioso, ou que faria toda a diferença na minha vida.

Será que eu poderia estar melhor..ou ainda...poderia estar pior?
Sempre segui meus impulsos, instintos e meu coração. Por vezes até com um certo receio, sim, mas sempre segui.

Eu sei que já deixei para trás coisas que nada vai fazer voltar, e isso me assusta tanto..mas ao mesmo tempo vejo que tudo teve um fundamento, nada foi em vão.

Cresci, amadureci, apanhei um bucado da vida, mas estou aqui. Firme, forte, um tanto quanto descrédula, porém, de cabeça erguida. Mas me imaginava diferente quando me projetava há anos atrás. Imaginava pessoas que sempre estariam ao meu lado e hoje já não vejo mais. Me imaginava com a vida resolvida em praticamente todos os aspectos, e hoje, por vezes me vejo com as mesmas dúvidas que carregava como cruz no auge da minha adolescência.

E se tivesse sido ?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Pescoço em degraus.



Grosseria.
Detesto grosseria. Grosseria gratuita, então? Aff...nem se fala!
Mas creio que a pior das grosserias que possa vir a ser enfrentada no dia-a-dia, é a grosseria no trabalho. Sim, porque quando é assim, ou se engole "no seco", ou então, cái fora!
Chefe grosso, alguém merece? Sim, alguém deve merecer, mas esse alguém não sou eu.
Eu tenho um tipo de ímã para chefes grosseiros, e somente um eu "enfrentei", digo "enfrentei" entre aspas, porque após uma grosseria das grandes, simplesmente fui embora e nunca mais voltei. Nem sei se fiz certo. Hoje vejo que deveria ter ficado, falado poucas e boas e aí sim ter partido. Mas não queria me trocar, não queria mais confusão. No fim das contas, ainda saí como a "filha da puta" da estória, porque, pelo fato de tomar a decisão de me calar, a outra pessoa tomou a decisão de falar o que bem quis. Mas foi melhor assim.
Hoje é diferente. A situação é outra, mas ainda assim, convivo vez ou outra com essas situações chatinhas de trabalho. Adoro o que eu faço. Mas é assim...
É difícil encontrar uma pessoa que ocupe um cargo de chefia e seja humilde e fale educadamente com subordinados. Diante disso penso que o pré-requisito para ser chefe ou dono de algo, é saber pisar nos outros, usar "pescoço como degrau", e por aí segue.
Eu nunca vou ser chefe..afinal, não sei ser assim com as pessoas e as poucas tarefas que a minha humilde função me permite delegar à alguns, eu peço tão delicadamente que a impressão que tenho é de que as pessoas cumprem porque eu sou "boazinha".
Mas prefiro assim. Não quero cargas e mais cargas negativas vindo em minha direção cada vez que falo ou mando alguém fazer algo, pois é isso o que acontece. Por mais que seja sem intenção, mas é isso o que acontece.
Não me é inerente a idéia de humilhar alguém. Se já o fiz algum dia foi sem querer, sem perceber, ou sei lá! Mas acho que nunca o fiz.
É ruim engolir sapos...mas é isso o que o capitalismo causa em várias pessoas..certo?
Sem dinheiro não se vive..e se com trabalho já tá difícil...não gosto nem de imaginar como seria sem.

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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sobre o tempo.



Como se escrever fizesse simplesmente as palavras proferidas se concretizarem, criarem vida e saírem andando. Não, elas não se concretizam e muito menos saem andando. Elas permanecem, ecoando no fundo da mente por repetidas vezes. Por vezes,me dominam e me dão a impressão de que são, sim, reais.

Um filme que se passa por mil vezes na cabeça, tem o poder de me fazer voltar no tempo e sentir aromas, texturas, ruídos..tudo tão nítido e real que, quando "volto à realidade", parece que o tempo não passou. Mas ele é implacável e não perdôa.
Só o que me consola é saber que ele é assim para todos. É uma das poucas coisas que restaram que não se compra com dinheiro. A vida se compra, um orgão vital se compra (erroneamente, mas se compra), mas o tempo, não.

Olhando fotografias antigas, vejo como pouco a pouco o tempo age sobre meus traços. Isso me assusta. Talvez até mais do que deveria. Mas me assusta no sentido de que eu vejo que resta "pouca vida" para tantos feitos que ainda desejo realizar. Não tenho medo de rugas. Quero ser uma senhorinha muito vaidosa e perfumada. Sou a favor de um botóxzinho de leeeve, bem de leve...nada á lá Ana Maria Braga ou Elza Soares. Cadê as expressões? O que é uma pessoa sem expressão? Praticamente um boneco.

Vejo que por mais que o tempo passe, as palavras perduram e insistem. Daí o tal ditado : "Uma vez proferida a palavra, não tem mais volta." Ela pode até ser amenizada com outras, mas voltar, não volta mesmo!

Já falei coisas sem pensar. Sei que proferi palavras que até hoje fazem sangrar a ferida de alguém.. Mas isso serviu para que eu aprendesse a tentar medí-las melhor. Ainda sou impulsiva, cabeça dura, cabeça quente, mas creio que já consegui evoluir um pouco nesse sentido, mas sei que ainda há muito o que evoluir.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Amiga Solidão



Não tinha que ser assim. É preciso controlar a situação.
Fiz tudo o que pude e até muito além...
Um trago num cigarro e tudo volta. É o gosto da solidão presente.
Ela se esconde, mas sempre esteve aqui comigo. Muda, calada, apenas esperando o momento certo do ataque. Quando me vejo mais fragilizada, mas vulnerável, mais confusa.
Ela é uma companheira, de tão presente, assim se faz. E mesmo que "outras solidões" me sigam, é ela que sempre me vai ser fiel. Até o fim.
Enganação achar que havia acabado, se no momento de maior sufoco, olho para os lados e é ela quem vejo por lá.
Por tantas vezes procurei teu rosto. Onde estava?
Foi preciso o mundo dar tantas voltas para que as coisas ficassem como eu queria que ficassem...
Mas hoje os tempos são outros e eu já não posso voltar atrás.
Não é justo...
É o toque, o ruído do sorriso, o jeito de fechar os olhos ao sorrir. O cheiro da pele e da respiração.
Mas e as dores, os desamores, os horrores?
E os outros rostos que fizeram parte disso tudo?
Existe algum vão no mundo no qual podemos atirar as lembranças ruins?
Não, não existe. Esse vão existe em mim e será eterno, assim como a solidão me acompanha.
Hoje a dor é controlável e o sofrimento também. Se em outrora parecia que morreria a cada palpitação maior, a cada ausência, a cada não. Hoje sei que sou maior. Mas foi preciso muito tempo e paciência para entender isso.
Ninguém merece meu desespero. Ninguém merece meus olhos inxados e úmidos.
Não páro para pensar em consequências, pois nos únicos e poucos momentos que parei para fazê-lo me vi completamente imersa em pensamentos turvos, os quais eu não podia controlar.
Vou seguindo, vou levando. E a "eterna amiga" segue comigo, mesmo que por vezes, disfarçada.




"A saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver."


{Saudade, Pablo Neruda}


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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sapos ?



Quantos sapos você já beijou?
Desses, quais você achou que era O príncipe ?
Ainda inventam essa do tal príncipe...
Desde cedo idealizamos uma pessoa perfeita.
Quando foi que se estabeleceu isso?
Quanta pretensão querermos alguém perfeito se estamos tão distantes disso!
Eu já acreditei em príncipe. Sim. Já acreditei.
Só deixei de acreditar quando constatei que aquele que eu tinha elegido "príncipe", estava tão longe dessa realidade quanto eu de ser uma princesa.

E quanto a perfeição ? Deve ser chato ser perfeito. (se é que existe alguém que assim possa ser denominado)
Nunca me denominei perfeita, ao contrário. Sou chata, reclamo de tudo, quero tudo do meu jeito, e se achar ruim, ainda faço bico!
Mas vejo que, hoje, o que muitas vêem como um "príncipe", é aquele cara que tem posses, um bom emprego, o carro do ano, é lindo, músculos...
É...prefiro um príncipe "desencantado" então...



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1 - Não faço questão que a pessoa tenha dinheiro, mas sim que seja trabalhadora e limpinha e talz.

2 - Beleza é efêmera.

3 - Não curto músculos.

4 - Carro é bom do ponto de vista da praticidade e do conforto, sim. Mas não no sentido da vaidade.
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Se o termo é "encantado", é porque o cara tem que ter o tal do encanto! É o jeitinho de mexer nos cabelos ou como ele observa um mínimo detalhe que mudou em você, ou simplesmente o fato de ele dizer que você está linda, mesmo você estando toda suada e descabelada depois de ter feito faxina em casa. o.O

Eu não quero o homem que todas queiram (definitivamente, não!). Eu quero o homem que eu quero e ponto..!

Desde criança, achava que seria fácil crescer, achar uma grande amor, casar e ter filhos. Eu não sabia o longo caminho que percorreria entre uma coisa e outra. O quanto seria complicado "crescer". Ainda penso, até hoje, no que vou ser quando for gente grande, e não sei se isso é normal.



"Todos já amamos, mas só sabemos que não é amor de verdade quando tudo acaba. E se não existir um cara? Ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco? E se o amor de verdade não existir e estivermos com medo de admitir isso? Nós nos produzimos, fingimos ser algo que não somos, viramos nossa vida do avesso e nos perdemos em algo que sonhamos ser melhor do que o que achamos que somos. E se aquilo que procuramos simplesmente não existir? [...] Por que tudo tem que ser tão... apenas tão?"
(Amor ou amizade - 2000)

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sempre igual




Era o mesmo olhar.
Do mesmo jeito de quem diz: "Estou aqui por você e sempre estarei."
A vontade reprimida do abraço que nunca irá acontecer e o arrependimento estampado no suspiro profundo.
Tudo porque sabe-se que nada mais pode ser feito. Tudo porque sabe que em outrora tudo fora feito por outrem.
Fora a primeira e a última vez. Sem medidas, sem receios.
Se a ferida não seca, não cicatriza, o que há de se fazer?
Tudo que havia de ser feito, já foi.
Mas se nada completa. Nada faz voltar ou nem mesmo se aproximar do que foi, é porque foi único, e nunca mais será igual. Como os tempos de infância, nos quais passamos quase que sem perceber que é tão mágico, fantástico, que só nos damos conta do quanto que foi bom quando nos deparamos com os reais problemas que a vida nos trás e que em outros tempos, simplesmente não existiam.
Mas é preciso seguir. Enxergar o que te faz bem.
O que passou, passou. Serviu de aprendizado? Sim. De uma forma um tanto quanto negativa, pois deixou marcas, mas serviu.
Não guardo mais nada. Fantasmas, só na imaginação.
E ninguém precisa entender o que ninguém sabe explicar.
E eu já tentei explicar por tantas vezes..mas está lá.
Penso se isso irá refletir sob algum aspecto em um futuro muito distante e isso me assusta. Não pode, não deve, não é certo.
O futuro é uma reflexão do que lanço agora "diante do espelho".
Então prefiro lançar o amor, o perdão e a esperança.
Os "porquês" permanecem guardados.Mas de maneira que não agridam. Quietinhos, estáticos e silenciosos.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

BláBláBlá!




Uma das coisas mais chatas na grande maioria dos seres viventes da face da terra é a incrível capacidade que os mesmos possuem de reclamar!
Se tá ruim, pode ficar bom. Se tá bom, pode melhorar um pouquinho, e por aí segue.
Porque o homem em si é assim?

Satisfação não existe nunca?
Tudo bem..eu também acredito que sempre devemos buscar o melhor e querer mais. Mas dentro do possível, e dando valor ao que se tem, certo?

Toda essa insatisfação nos trouxe uma grande geração de jovens com sério problemas cardíacos e com muitos problemas relacionados ao estômago. Pessoas carrancudas, de mal-humor, que se agridem somente com o olhar.

Tá sem emprego? Agradeça pelo menos pelo fato de ter saúde para ir à luta. Ganha pouco? Agradeça o fato de ter uma renda, mesmo que mínima. Mora mal? Você já parou para pensar que existem pessoas que nem um teto têm para dormir à noite?

Confesso que já reclamei muito de tudo o tempo todo por muito tempo. (UFA!)
Mas vendo outras pessoas, até mesmo do meu próprio convívio em situações muito piores do que a minha, percebi o quanto sou afortunada. Sendo assim, aprendi a "selecionar" minhas reclamações, afinal ninguém aguenta permanecer ao lado de uma pessoa que só reclama o tempo todo.

Como que eu percebi isso? Convivendo com uma..!






"Conta-se que um rei foi certa manhã ao seu jardim e encontrou as plantas murchando e morrendo. Perguntou ao carvalho que ficava junto ao portão o que significava aquilo.

Descobriu que a árvore estava cansada de viver porque não era alta e elegante como o pinheiro. O pinheiro, por sua vez, estava desconsolado porque não produzia uvas como a videira.

A videira ia desistir da vida porque não podia ficar ereta e nem produzir frutos delicados como o pessegueiro. O gerânio estava agastado porque não era alto e cheiroso como o lírio. O mesmo acontecia com todo o jardim. Chegando-se ao amor-perfeito, encontrou sua corola brilhante e erguida alegremente como sempre.

"Muito bem meu amor-perfeito, alegro-me de encontrar no meio de tanto desânimo uma florzinha corajosa e feliz. Você não parece nem um pouco desanimado". "Não, não estou! Eu não sou de muita importância, não sou grande nem forte, não tenho beleza ou perfume, mas apenas achei que se no meu lugar nosso Deus quisesse um enorme carvalho, um pinheiro, um pessegueiro ou um lírio, Ele teria plantado um deles; mas sabendo que o Senhor Deus queria um amor-perfeito, estou resolvido a ser o melhor amor-perfeito que posso".


(COWMAN, Lettie, Mananciais no Deserto)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Amor, ou não.





Definição da palavra "amor", segundo o Aurélio:

"Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente. . Brandura, suavidade.Paixão ou grande entusiasmo por algo."

É simples dizer "Eu te amo" ?
Se verdadeiro, o é. E se não, também.
Tá tudo muito fácil, tá tudo muito dado. Uns beijinhos daqui, uns amassos dali, dois ou três dias de uma paixão-tórrida-adolescente (e isso independe de idade), e pronto! "EU TE AMO!"

O que é isso ??? Cadê a pureza ? Cadê tudo aquilo que envolve um sentimento verdadeiro (cumplicidade, confiança, companheirismo..). Paixão, sim. Paixão queima, surge do nada, dá friozinho na barriga,desejo, tesão, mas logo, ou nem tão logo assim, passa.

O amor fica. Mesmo que reprimido, guardadinho, expremido num cantinho secreto do coração, mas fica.

Talvez essa definição seja muito pessoal, mas, o amor é eterno, se for amor..mas para isso, precisa ser cultivado, afinal, como que alguém deveras rejeitado poderia continuar amando eternamente, sendo eternamente rejeitado ? Não há coração e nem sentimento que suporte, certo?

Amar e ser amado, nada mais é que uma busca natural do homem, e que por muitas vezes, acompanhada do desespero de fugir da tão temida solidão, "pinta de rosa" a primeira pessoa que parece corresponder um pouco do sentimento que lhe é lançado.

Amor precisa ser amadurecido, conquistado, e isso só acontece com o tempo, com uma mínima convivência.

Amor não sufoca, amor não maltrata. Amor é querer bem. Amor é cuidar, aceitar com todos os defeitos e agradecer pelas qualidades. É querer despertar todos os possíveis e também os impossíveis sorrisos.



"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;


É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;


É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Luís de Camões (1524-1580)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Morar junto é casar?





Eu tenho me perguntado isso.

Prestes a dar este enorme passo em minha (nossas) vidas, estou tentando calcular a dimensão disso tudo e em que aspectos irá afetar ou mudar a minha vida e a minha rotina de morar só.

Penso que teria sido "tão mais fácil" se eu tivesse saído diretamente da casa dos meus pais para viver uma vida à dois. Sim! Seria...

Quando se mora só, se adquire tantos hábitos.. uns bons, outros, nem tanto...
Manias um tanto quanto estranhas, o costume de deixar aquele pedacinho de chocolate e saber que ele estará lá intacto quando você retornar..

Manias até egoítas, eu diria, mas que surgem naturalmente quando se tem um espaço que é só seu.

Será que nunca mais vou poder chegar em casa, me jogar em minha cama, do jeito que eu estou e ficar horas intermináveis olhando para o teto, como de costume? (Mais uma mania estranha...)

Morar junto é morar junto, ou morar junto é casar?

Qual a importância e o peso de um "simples papel" em uma vida à dois?

Como se apresenta "perante a sociedade" uma pessoa com a qual você divide a vida e um teto?

"Marido" é demais ? Mas "namorado" também é de menos...

Desde que me entendo por gente idealizei um casamento de conto de fadas.

Depois de grande e relativamente independente, percebi o quão complicado seria casar com todos esses "frufrus".

Prefiro gastar o dinheiro em uma linda viagem à dois.
Sei lá.

Ainda me é estranho dizer "meu marido".

Os preparativos são uma delícia. Planejar gastos, mobília..decoração.
Sim, é um casamento.

Um casamento de alegrias, tristezas, planos, escovas de dente. É dividir uma vida...

Qual outro nome se daria, se não esse?


sábado, 25 de julho de 2009

Onde é que o barco foi desaguar..






Eu já sonhei tanto...
Já acreditei muito...
Esperei demais.
Hoje, meu maior sonho é poder ser o "mais real possível", se é que isso existe.
Hoje, eu acredito que eu posso, devo e tenho forças para me levantar todo santo dia para trabalhar. Até porque, se eu não o fizer, ninguém há de fazer por mim, certo ?
Eu ainda sonho, sim. Mas não da mesma maneira, com a mesma instensidade. É tudo muito mais "físico", real, e diria, alcansável.
Já nem sei se isso é bom.
Para onde foram todos os sonhos ?
Quando foi que eu deixei de acreditar ?
Minha essência é a mesma e será sempre até a morte?
E se as borboletas no estômago foram embora, como faço elas voltarem?


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cheirinho de café...





Existe dia sem café ?

Ok. Pode parecer exagero, mas, para a minha pessoa, não existe!
Desde que me entendo por gente aprendi a associar o cheirinho de café com o amanhecer e o "acordar" de cada dia.

Sim, é um vício. Um vício que meu corpo pede, quase que implora, como o corpo de um maratonista pede por água.

Nem preciso taaanto de uma pão ou um biscoitinho.. (mas se tiver, também é bem-vindo) Só um café para me fazer levar um dia numa boa. ;)

Ao contrário do efeito que o mesmo causa na grande maioria, o café tem o poder de me acalmar. Um dos pequenos prazeres que a vida me proporciona, de fato, é poder segurar uma caneca morna com uma boa dose de café forte e meio amargo para que eu possa saborear sem pressa.

Para acordar, antes de dormir ou após uma leve (ou nem tanto...) bebedeira.

Tenho que confessar.. meu primeiro porre foi aos sete anos de idade... (SIM, aos sete anos!) Na verdade nem tinha noção de que era algo errado. Simplesmente peguei uma garrafa de conhaque que meu pai costumava saborear em pequenas doses..uma enorme caneca com café pela metade..e o "drink" estava pronto! Tomei até a última gota e fiquei por alguns minutos cambaleando de uma lado à outro, até que apaguei.

Só me lembro de ter acordado com minha mãe desesperada me dando banho.

Acho que foi daí que adquiri um gosto pela "coisa".




quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tudo sobre nada.



Há tempos não escrevo.

Lembro-me que em outrora exercitava meus pensamentos e minha escrita em páginas de um blog, fotolog, entre outras modinhas cybernéticas. Nem achei que ao parar de escrever no "mundo virtual", simultâneamente pararia no "mundo real".
E não é que parei?

Acompanhei todas as fases que a internet pôde me proporcionar... Mirc, ICQ, Fotolog, Blog, Orkut... parei por aí!



Sabe que tentei participar do Twitter..? Mas vi que a minha vida e a vida alheia é tão desinteressante de ser seguida, que não passei mais que uma semana por lá. o.O

Nem sei ao certo onde buscava inspiração, e hoje, escrevendo aqui, ainda não sei pra onde a tal da inspiração foi parar.

Nem ligo que ninguém leia. Muito menos que ninguém comente. Só quero talvez deixar perdido em algum tempo e espaço palavras que um dia pensei ou disse. Ou não.

Se a inspiração me faltar ? Escrevo sobre o "nada".
Se a alegria for pequena ? Escrevo e a multiplico por mil! É assim que funciona nesse mundinho cybernético, não é mesmo? ... uma simples ida à padaria rende algumas fotos com sorrisos forjados, e a impressão que se dá é de que foi a coisa mais legal de todo o universo!

Sim, sim...é assim que as coias funcionam...

(É bom estar de volta.)